sexta-feira, 16 de abril de 2010

ÉTICA



“Conjunto de preceitos sobre o que é moralmente certo ou errado; parte da filosofia dedicada aos princípios que orientam o comportamento.” (Houaiss).
“(Do grego, ethos: caráter) Estudo dos conceitos envolvidos no raciocínio prático: o bem, a ação correta, o dever, a obrigação, a virtude, a liberdade, a racionalidade, a escolha. É também o estudo de segunda ordem das características objetivas, subjetivas, relativas ou céticas que as afirmações feitas nesses termos possam apresentar.” (Dicionário Oxford de filosofia)
Peguemos alguns termos utilizados no conceito da ética, como o errado, a escolha e o ceticismo (dúvida de tudo), acima descritos e passemos a fazer algumas considerações sobre os mesmos. Como considerar a ética na sua significância prática mais concreta, haja vista que por estar a mesma mais vinculada à questão do certo e do justo, pretender-se-ia usar esses conceitos para a sua objetividade com eficácia?
Não parece haver contraposição entre esses termos na aplicação do conceito da ética?
Será que na prática objetiva da administração pública, p. ex., nas realizações dos serviços de interesse da coletividade; poder-se-ia praticar o erro, a escolha errada ou, simplesmente, ater-se ao ceticismo na edificação de prédios públicos? E o que dizer de um policial que, no uso do ceticismo realiza uma investigação criminal de grande monta? E, ainda, um juiz que julga na base do ceticismo, diante das evidências robustecidas nos autos, como ficaria? Seria ético ou justo tudo isso?
Quando dizemos que o conceito de ética está vinculado ao princípio do certo e do justo, certamente que o errado e o cético estão fora de cogitação, dado que o certo e o justo não admitem controvérsias. Se porventura se manifesta a controvérsia ou o relativismo (±), por exemplo, logo o conceito de ético estará prejudicado.
A ética vinculada à questão do moralismo de Nietzsche, no seu “relativismo axiológico”, critica a moral vigente e vê nela formas camufladas de egoísmo e hipocrisia, pelo que propõe uma nova tabela de valores, com fundamentação no princípio de aceitação entusiástica da vida, segundo a proeminência do espírito dionisíaco. Ele pretende substituir as virtudes da moral tradicional pelos novos conceitos de virtude atrelados à vontade de poder. Segundo ele: “É virtude toda paixão que diz à vida e ao mundo: a altivez, a alegria e a saúde; o amor sexual, a inimizade e a guerra; a veneração, as belas aptidões, as boas maneiras, a virtude forte, a disciplina da intelectualidade superior, a vontade de poder, o reconhecimento para com a terra e para com a vida: tudo o que é rico e quer dar, quer recompensar a vida, doura-la, eterniza-la.” (Abbagnano).
Como considerar virtude ética ao embasar-se na inimizade e na guerra? Não é sabido que a inimizade leva, muitas das vezes à morte? Ou não é fato? E quanto à guerra nem se fala...!
Isto é virtude ética?
E quanto à vontade de poder? Nessa condição, muitos, durante todo o processo histórico da humanidade, se arvoraram à prática de princípios nefastos para atingirem o poder, apenas pelo desejo egoístico de tê-lo em suas mãos, e a história está repleta de exemplos de poderosos em todos os seguimentos da sociedade, que utilizaram de recursos funestos para galgá-lo, em detrimento de outros.
Não seria mais real falar de virtude ética baseada no senso de justiça e do amor? Não o amor ao sexo, como pretende Nietzsche. Nem tampouco na visão de que alguém seja capaz de matar por amor, e nem sequer pensar no princípio secular que envolve a ação humana de que os fins justificam os meios. Mas inserir-se verdadeiramente no amor agape absoluto, que diz: “E eu passo a mostrar-vos ainda um caminho sobremodo excelente.
Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver amor, serei como o bronze que soa ou como o címbalo que retine.
Ainda que eu tenha o dom de profetizar e conheça todos os mistérios e toda a ciência; ainda que eu tenha tamanha fé, a ponto de transportar montes, se não tiver amor, nada serei.
E ainda que eu distribua todos os meus bens entre os pobres e ainda que entregue o meu próprio corpo para ser queimado, se não tiver amor, nada disso me aproveitará.
O amor é paciente, é benigno; o amor não arde em ciúmes, não se ufana, não se ensoberbece,
Não se conduz inconvenientemente, não procura os seus interesses, não se exaspera, não se ressente do mal;
Não se alegra com a injustiça, mas regozija-se com a verdade;
Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.
O amor jamais acaba; mas, havendo profecias, dasaparecerão; havendo línguas, cessarão; havendo ciência, passará;...” (Bíblia Sagrada: Carta I do Apóstolo Paulo aos Coríntios, cap. 13:1-8).
O princípio ético absoluto, portanto, deveria em todos os termos ser aceito, visto nele estarem contidos os princípios mais elementares de ações corretas e justas. Não contem princípios relativos que induzem à práticas mesquinhas consubstanciadas na teoria ética do emotivismo, razão porque nossas visões de mundo relativas estão ligadas ás nossas fragilidades inerentes ao nosso ser decaído, e que necessita ser restaurado para a prática da verdadeira justiça, e esta só será encontrada na pessoa do DEUS JESUS, como disse o apóstolo Paulo: “Agora, pois, já nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus.” (Bíblia Sagrada, Carta de Paulo aos Romanos, cap. 8:1).
Ainda há tempo para todos os que pretendem praticar a ética pura, agir com amor e simpatia, para ter uma vida plena de grande êxito. Isto é o que está faltando no meio do povo brasileiro, pois certamente no momento em que esse povo passar a amar o seu próximo como a si mesmo, evitando tirar proveito em tudo em detrimento dos demais, verdadeiramente a violência irá se dissipando.
A razão de tanta violência na nossa sociedade, todos sabem que vem de longe: desde os tempos da colonização, perpassando pela escravatura, até aos nossos dias com a questão salarial indigna que corrói os corações de quem trabalha ou trabalhou derramando seu suor, para o bem da sociedade, mas que hoje se vê num abandono quase que total, pela falta de ética fundada no amor dos que detém o poder político-econômico da sociedade como um todo.

Jeová Santos.
16/04/2010.

BIBLIOGRAFIA

Bíblia Sagrada de Estudo Almeida. Barueri – SP: sociedade Bíblica do Brasil, 1999.

Geisler, Norman L. / Feinberg, Paul D. – Introdução à filosofia, lª ed. 1983. Reimpressão: 1989. 2ª ed.: 1996. Reimpressões: 2000, 2002. Publicado no Brasil com a devida autorização e com todos os direitos reservados por Sociedade Religiosa Edições Vida Nova, São Paulo.

Minidicionário Houaiss da língua portuguesa/Antônio Houaiss e Mauro de Salles Villar; elaborado no Instituto Antônio Houaiss de lixografia e Banco de dados da Língua Portuguesa S/C Ltda. – 3.ed. rev. e aum.-Rio de Janeiro: Objetiva, 2008.

Dicionário Oxford de filosofia/Simon Blackburn; consultoria da edição brasileira, Danilo Marcondes; [tradução, Desidério Murcho... et al.]. – Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1997.

Dicionário de filosofia/ Nicola Abbagnano; tradução da 1ª edição brasileira coordenada e revista por Alfredo Bossi; revisão da tradução e tradução dos novos textos Ivone Castilho Benedetti. – 5ª ed.- São Paulo: Martins Fontes, 2007.

2 comentários:

  1. “Conjunto de preceitos sobre o que é moralmente certo ou errado; parte da filosofia dedicada aos princípios que orientam o comportamento.” (Houaiss).

    Confesso que esse conceito de Houaiss coloca em cheque a atemporalidade da ética, pois como há de perceber, "o moralmente certo ou errado" é passível de mudança de acordo com o século vigente e cultura em questão, logo, estaria propensa a mudanças, o que particularmente não concordo.

    Ainda seguindo esta liha de raciocínio, quando falamos, por exemplo, nos Princípios de Deus, naturalmente, nos referimos a imutabilidade de Deus, e de sua Palavra, digo, Amor, Justiça, Eternidade; dessa forma, como percebemos, tais princípios não mudam...

    Isso me leva a crer, que na verdade, de forma resumida, é o que deveria ser, e moral o que é, de fato. Não falo como sendo a ética algo não alcansável, mas como o ideal, este só alcansável em sua plenitude a partir de uma regeneração, possível somente pela transcendência em Jesus Cristo.

    ResponderExcluir
  2. Olá, Romel! Tudo bém?
    Gostei de seu comentário, isso demonstra que vc captou nossa mensagem no tocante à verdadeira ética. É verdade, enquanto o homem não tornar-se redimido pela transformação oferecida pelo sangue derramado na cruz do calvário, e pela reconciliação com Deus através do arrependimento eficaz de seus delitos e pecados, certamente, não compreenderá a verdadeira ética, que vem de Deus.
    Continue dando suas opiniões,que serão de grande valia para àqueles nos acompanham em divulgar o excelso nome de Jesus, o Cristo.
    Jeová Santos.
    Em, 07/06/2010.

    ResponderExcluir